segunda-feira, 20 de julho de 2009

A NOVELA JACKSON

A novela midiática em torno da morte de Michael Jackson exprime bem o que a lógica da fama faz com a individualidade moderna. Quanto mais famoso, mais destruído. O narcisismo moderno, problema de todos nós (quem nunca se perguntou se não estava sendo narcísico em alguma ocasião?) é maximizado de acordo com a quantidade de flashs e câmeras. Está agora acessível em pequena medida, pela tecnologia, a todos, como nos orkuts da vida. Podemos ser observados. Mas também nos perder de uma vida comum, cotidiana, imposta pela mesma lógica ocidental da individualidade e da fama. Lados da mesma moeda. Michael se perdeu. Ainda em vida. Foi do céu ao inferno muito rápido. Infância negra e pobre roubada pela fama branca e rica. Todas as sociedades sobre as quais se tem registro ritualizaram de algum modo a morte. A ocidental moderna não é diferente, sensacionalizando a morte em proporção da fama em vida. A mesma proporção que a fama tira em vida da possibilidade de uma vida comum, simples e necessária.

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