O excelente "Carlito´s Way" (O pagamento final), de Brian de Palma (Universal, 1993) é uma boa oportunidade para se pensar na realidade dos indivíduos modernos. Criativo, é mais um filme de gângster onde todos morrem no final. Na mesma linha de Scarface, com o mesmo diretor e mesmo ator central (Al Pacino) trata-se de um triller quase comum, com traições, amores, amizades, etc. A singularidade está na história, na qual Carlito (Pacino), após sair da prisão por bom comportamento, na qual entrou por ser um dos maiores traficantes de heroína de Nova York (sempre ela), tenta levar uma vida honesta, lutando contra seus impulsos anteriores.
A boa atuação do ganhador do Oscar, que já apresenta o início de um personagem caricatural que ele incorporou e desde então nunca mais largou, acompanhada pelo excelente Sean Penn, o advogado e amigo que o tirou da prisão, já valem o filme. Palma, como sempre, ainda que seja um grande diretor, dá umas apeladas no final, do tipo por uns vinte minutos de perseguição daquelas bem batidas, o que dá uma estragada no filme. A conflituosa relação com o advogado parece ser para competir com o excelente "Cabo do Medo", de Scorcese, com grande atuação de DeNiro, da mesma época, onde este é um advogado que sai da prisão para se vingar de um cliente. Pra completar, Palma tenta fazer uma cena sensacional numa escada rolante, ao modo daquela que ficou famosa no seu "Os Intocáveis", dos anos 80, ficando tão apelativa quanto a primeira...
Por fim, nosso herói não consegue vencer os instintos, e seu fim é previsível, como o de todo bom filme feito para vender. Depois de assistir inúmeros filmes do gênero, fiquei pensando no porque fazem tanto sucesso. Parece haver algo mais do que banalização da violência, etc.
Tais filmes reproduzem, caricaturando o lado obscuro de nossa cultura ocidental, o da violência, a forma como vivemos e pensamos a sociedade ocidental. Os gângsters e policiais precisam ser frios e calculistas para vencer. Como nós no mercado moderno. Vencem os que tem melhores atuações individuais, os que ponderam cada detalhe. Em tais ficções, todo gângster sabe que precisa eliminar todos os seus inimigos. Adoramos ver Pacino ou De Niro matar seus inimigos. Nada parece mais instigante aos nossos instintos competitivos, sublimados na modernidade civilizada, sendo em sua fase atual o mercado altamente competitivo seu principal espaço de sublimação. Se pudéssemos articular a raiva que sentimos de nossos concorrentes no mercado, não acharíamos tão sensacional e ao mesmo tempo apavorante os finais dos filmes de gângsters. Eu queria ver algum grande diretor fazer um filme de gângster sem mortes. Se existe, não sei.
OLá, Fabrício, descobri hoje seu blog. Seus textos são ótimos!
ResponderExcluirAo visitá-lo poderia comentar?
Sâo leituras que me instigam.
Li textos da Revista e vi que você não escreve PORQUE "TEM QUE" escrever, mas você escreve PORQUE TEM "O QUE" escrever.
ResponderExcluirGostei!
Zebulom
Fabrício, vi que você está fazendo doutorado em Juiz de Fora. Uma amiga-irmã em 2007 fez Gestão da Pós-graduação em Gestão Educacional oferecido pela Secretaria Estadual de Educação através do Progestão (curso de capacitação em serviço). Todo trabalho está documentado na monografia que apresentou em Juiz de Fora no dia 27 de fevereiro de 2008 orientada pelo professor Lecir Jacinto Barbacovi (doutorando em Políticas Públicas pela Universidade Federal de Minas Gerais) que apreciou muito o trabalho da mesma e está disponível na Universidade Federal de Juiz de Fora.
ResponderExcluirO tema foi: “Comunidade de investigação: uma proposta curricular inovadora”. Foi nossa experiencia profissional.Ela como diretora e eu como coordenadora pedagógica.
Esta monografia não foi apenas um trabalho para cumprir um requisito que lhe foi colocado como gestora mas foi o seu respirar, o seu fazer cotidiano juntamente com a equipe pedagógica do Colégio que foi seu laboratório para este trabalho.
Quem sabe você poderia dar uma olhada e fazer uma crítica. Seria interessante.
Desculpa a intromissão.
Zebulom
Zebulom, muito obrigado pela atenção, sem dúvida pode e deve comentar o que quiser. grande abraço
ResponderExcluirSe puder me mande por email o trabalho a que se refere. macielfabricio@yahoo.com.br
ResponderExcluirOk Fabrício! Muita obrigada, sei que não chego aos pés de vocês em questão de conhecimento teórico, mas sei que podemos trocar experiências.
ResponderExcluirObrigada. Vamos enviar para o seu e-mail.
Esta diretora foi exonerada do Colégio porque queriam que ela me dispensasse como coordenadora. Ela não me dispensou e por isso foi exonerada da noite para o dia. E eu, claro, logo atrás. Tentou ficar como professora de Filosofia, mas colocaram a mesma para dar aula no primeiro segmento, segundo ano( primeira série). Ela aceitou. Quando viram que ela aceitou e não se sentiu diminuida por isso, tranferiram-na. Isso foi uma loucura na região. Mas sem mágoa e seguindo o caráter de Cristo, hoje a mesma está em Italva. Um dia tudo isso virá à tona. Assim acreditamos. Ela foi humilhada. O professor Barbacov sugeriu que a mesma fizesse uma carta aberta à comunidade contando toda a verdade. Mas foi impedida de dar a carta. Para evitar problemas, ela deixou para lá. Mas penso que a coisa começará a vir à tona.Não teve nem um do lado ela.
O mais significativo de tudo é que a tutora dela era a Gerente de Ensino da Região. E essa mesma Gerente teve seu trabalho devolvido por plágio. Mas ninguém sabe disso. E ela não quis aproveitar a situação para desmascarar. Está esperando Jesus intervir. Ele intervem bem mais bonito! Pode crer. Ela também ama Jesus. E fizemos um trabalho ali na Escola cheio de verdade integridade e humildade. Fomos confrontadas no dia a dia.
A vida lá fora, Fabrício, é muito mais que um fenômeno a ser "tratado".
É isso.
Obrigada pela oportunidade. Podemos ser para você "um bom tema para estudo em sociologia - Politicas Públicas" com documentos bem interessantes e cheios de verdade. Se vc se interessar. Não vamos querer ganhar nada por isso. Se a verdade, humildade e integridade vier à tona. Tá pago!
Se estou falando abobrinhas, me desculpe, por favor.