sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

Estou cada vez mais convencido do poder que o cinema tem de tematizar conflitos pessoais e coletivos. O clássico "Giant" (em português, "Assim caminha a humanidade") de George Stevens, 1956, baseado no romance de Edna Ferber, é uma belíssima interpretação de como o capitalismo entra no Texas. Como o mundo moderno vence paulatinamente o mundo rural. Como Gilberto Freyre descreveu em seu Sobrados e Mucambos, referente ao Brasil, o estilo de vida moderno vai aos poucos fazendo sucumbir o potentado rural, em termos sociais e econômicos.
O filme gira em torno de uma família fazendeira tradicional, que por azar doa a um funcionário um pedaço de terra que tem petróleo. Este enriquece rápido e vira o algoz dos antigos patrões. O filme retrata em detalhes a ascensão do novo poder do petróleo em detrimento do poder anterior da fazenda de gado, bem como as ambiguidades e infelicidades de ambos os lados, o do ralé que ascende e o do decadente que não perde a pose. Como a belíssima narrativa de Freyre sobre o Brasil, na qual o Estado entra na casa do senhor rural e rouba seus filhos colocando-os contra os valores do mundo rural, enquanto portadores dos valores individualistas e do conhecimento moderno, o filme retrata também o drama do fazendeiro que perde seus filhos para o novo mundo. Seu filho vira médico ao invés de assumir a fazenda e a filha cai nos braços do novo rival, seduzida pelo mundo que ele incorpora e simboliza.
Um filme indispensável para quem ama a arte e o pensamento crítico.