terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ATO 1 - parte 1

num belo dia, voce percebe que o tempo está passando

e que ele te controlou mais do que vc a ele.

aquele cabelo molhado, encaracolado, com cheiro de creme barato,

aquela pele de adolescente, o vestido de tecido barato, porém bem costurado.

- onde está meu livro / interrogação /.

- molhou.

- como / /

um sorriso sacana, inocente, o mesmo de sempre.

as paredes da sacristia ainda são as mesmas.

testemunhas mudas do sentimento de outrora.

aquela voz sempre foi única.

- vc estuda engraçado.

- ah é, sei lá.

o batismo seria o começo de tudo, mas não foi.

um dia especial. água fria em espírito quente. e como fervia.

algum tempo depois - 'sinto o sangue ferver, mais quente do que antes'

'sinto a veia pulsar, mais forte que outrora'.

o poder mostrou seu local no poder local.

a outra força se foi.

o computador quebrado, agora, não é mais do que a vida.

- vc é um rapaz zeloso.

- levamos culpa sem vantagem.

o espírito não era menos ébrio do que agora.

ainda que o corpo fosse mais puro.

-fiquem tranquilos, eu trarei comida p vcs.

- deus te abençoe, não temos como agradecer.

- agradeçam a ele.

o onibus velho daquela velha cidade foi o palco.

um toque de mãos e corações cheios.

os mesmos que o tempo, dono da história, haveria de esvaziar.

várias caminhadas pelo mesmo lugar.

não chegaram mesmo ao lugar.

- ele sempre sentava ao seu lado.

- ai que raiva.



Nenhum comentário:

Postar um comentário